23 de novembro de 2007

Já foi...

É necessário vivenciar certas coisas para finalmente compreender e botar em prática os conselhos que estamos cansados de ouvir dos nossos pais. Quanto mais repetidos, mais valor eles têm ( e menos são obedecidos ). Talvez, se o mundo ouvisse os conselhos dos pais, muita gente não estaria tão desacreditada desse modo.

Meu pai sempre tentou me fazer entender que tudo na vida, tudo mesmo, é passageiro... E a única certeza que temos, é a morte.

( Discursinho manjado, não?! Pois é, aposto que você também não dá a devida atenção)

Todos os amigos, lugares, fases... Tudo irá passar! Não adianta tentar prolongar ou tentar repetir: acabou e ponto.

Curioso é que após tal lição ser aprendida (quando e como aprendi ficará para outra nostalgia), ocorreu o inverso, e meu pai nunca tinha me falado o que se deve fazer quando acontece. Até agora eu não aprendi...

Uma pessoa entra rapidamente em sua vida, e participa efetivamente - de forma que está mais presente no seu dia do que a sua própria mãe, e se pá, vira uma pessoa mais importante que aqueles primos do interior que você só vê no casamento ou no enterro dos familiares.

Tudo lindo, tudo certo, tudo bem. Aí, da-se aquela imensurável mancada, algo que até então nunca tinha feito nas mesmas proporções com outrem. Claro que em seu direito de defesa, a pessoa se afasta, e após tomar cápsulas do remédio tempo, ela te perdoa.

E então, pai? O que eu faço quando aquele lugar, aquela fase continuam e a pessoa vai embora da sua vida, permanecendo ali, meio que estática no canto dela? Tento interagir, brincar, me aproximar - mas quando nele toco, sinto um iceberg a ser quebrado.
Pior do que tentar se aproximar de um desconhecido na fila do banco, é tentar se reaproximar sem sucesso.

13 de novembro de 2007

chá das cinco - eu sou anormal

Como uma moça da minha idade se comporta:

cabelos bem tratados; unhas feitas pela manicure; notas exemplares; disciplinada; meigamente doce; ler sobre moda; e ler Clarice Lispector para dar um ar de consciência política; ficar muda quando meninos falam besteiras sexuais; botar nicks com enfeites no msn; não fazer um escândalo enquanto rir; fazer duzentas abdominais por dia; ir à academia; ter o tênis da moda; cuidar melhor dos meus materiais escolares; preocupação com a pose; não fazer caretas nas fotos; chamar a atenção por ser incrível, e não por estar "causando com os miguxos"; não deixar para a última hora; não atrasar; e o gran finale: preocupar-se em ser atraente, e não vulgar.


Ufa! Ainda bem que eu sou bem anormal...

10 de novembro de 2007

feminismo extasiado

Hahaha. Engraçado, acho que o feminismo sempre esteve comigo desde que nasci.
Lembro-me da minha primeira manifestação feminista aos sete anos (aliás, eu às vezes sinto-me meio engraçada por certas coisas, como não acreditar em deus desde os dez anos de idade). Foi numa aula de educação física - a aula preferida de todo mundo, pois era a única que podiamos correr, jogar bola, gritar e derrubar o coleguinha sem levarmos bronca, quando a professora estava explicando a atividade:

- Do número um até o número oito irão para meu lado esquerdo. Então eu contarei até dez e eles serão os pegadores.

Até aí, não havia nada de errado. Como número dezessete, era só fugir do Abílio, e de mais alguns.
Mas eis que essa que vos escreve levanta a mão com um baita "ponto de interrogação" na cara e pergunta:

- Mas professora, por que eles?
- Não, eles não serão pra sempre os pegadores, toda aula eu vou escolher alguns números diferentes.
- Sim, isso eu entendi. Mas por que eles? Você não poderia falar elas?
(imagine a cara de um adulto quando o filhinho do amigo pergunta o que é sexo)
- Ah, por que ali tem meninos e meninas...
- E daí? Tem meninas, poderiam ser todos chamados de ELAS!
- Luciana, a língua portuguesa é assim... Podem ter noventa e nove meninas, se tiver um menino junto, será eles.
- Mas, professora...
- Luciana, vá brincar!

Enfim, como uma autêntica feminista, quero apenas deixar esse link sobre feminicídio no Congo Kinshasa (República Democrática / ex- Zaire). Se não tiver estômago, não clique:
http://www.viapolitica.com.br/fronteira_view.php?id_fronteira=117

6 de novembro de 2007

chá das cinco - fora de órbita



Incrível o poder que possuo de distração.
Neste instante não sinto a mínima comoção por nada. inclusive por esse blog. Não estou com vontade de escrever nada complexo, ou sequer um texto bem trabalhado. O teclado é macio e o momento é bem importuno...
Estou sentada no "laboratório" de informática da minha escola, cercada por pessoas normais, fazendo coisas normais, falando coisas normais - que aliás, irritam-me muito. Sinto-me cretina por às vezes pertencer a um mundo que não me pertence. Precisava talvez achar algo novo, criar sensações novas, amigos novos, ou simplesmente preciso de férias...

3 de novembro de 2007

congélito

Estava deitada no chão do meu quarto, os livros de história jogados ao lado. O estado cômico em que se encontravam, todos abertos; dispersos, mostrava o desprezo pela prova que me espera na próxima segunda-feira. Em cima da poltrona, o celular recarregando a bateria, e no ouvido, o fone tocando "I don't wanna miss a thing".

Incrível o poder de flashback que essa música exerce na minha cabeça. Lembro-me de momentos que nunca mais se repetirão - nem que eles inspirem outros, não terá volta -, e fico triste por lembrar de alguém que paralisou seu mundo naqueles momentos.
Recebi uma mensagem dessa pessoa contando-me que sua cadela, que há doze anos atrás brincava com a gente, havia falecido. Fiquei mais triste pela desolação em que se encontrava. Após alguns obstáculos que coincidentemente passamos na mesma época, eu sobrevivi - mas ele ficou.

Ele entregou os pontos, agora tem medo de viver, foge de tudo e congelou a sua vida, vivendo agora só de memórias. Isso piorou agora, com a ida da única acompanhante de sua realidade.
É engraçado passar em frente à casa dele - onde criamos momentos especiais e ali os nossos pensamentos acordaram em nunca esquecermos um do outro. Quando lá passo, vejo a mesma planta com o mesmo aspecto no mesmo lugar, o mesmo vidro da porta trincado, a mesma cor palidecida na parede... Até que eu fujo daquela calçada, com uma pontada de dor no coração.